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sábado, 7 de novembro de 2009

CARTA DE UM POLICIAL PARA UM BANDIDO

Senhor Bandido,

Esse termo de senhor que estou usando é para evitar que macule sua imagem
ao lhe chamar de bandido, marginal, delinquente ou outro atributo que
possa ferir sua dignidade, conforme orientações de entidades de defesa dos
Direitos Humanos.
Durante vinte e quatro anos de atividade policial, tenho acompanhado suas
"conquistas" quanto à preservação de seus direitos, pois os cidadãos, e
especialmente nós policiais, estamos atrelados às suas vitórias, ou seja,
quanto mais direito você adquire, maior é nossa obrigação de lhe dar
segurança e de lhe encaminhar para um julgamento justo, apesar de muitas
vezes você não dar esse direito às suas vítimas.
Todavia, não cabe a mim contrariar a lei, pois me ensinaram que o Direito
Penal é a ciência que protege o criminoso, assim como o Direito do
Trabalho protege o trabalhador, e assim por diante.
Questiono que hoje em dia você tem mais atenção do que muitos cidadãos e
policiais. Antigamente você se escondia quando avistava um carro da
polícia; hoje, você atira, porque sabe que numa troca de tiros o policial
sempre será irresponsável em revidar. Não existe bala perdida, pois a
mesma sempre é encontrada na arma de um policial ou pelo menos a arma dele
é a primeira a ser suspeita.
Sei que você é um pobre coitado. Quando encarcerado, reclama que não
possuímos dependências dignas para você se ressocializar. Porém, quero que
saiba que construímos mais penitenciárias do que escolas ou espaço social,
ou seja, gastamos mais dinheiro para você voltar ao seio da sociedade de
forma digna do que com a segurança pública para que a sociedade possa
viver com dignidade.
Quando você mantém um refém, são tantas suas exigências que deixam
qualquer grevista envergonhado.
Presença de advogados, imprensa, colete à prova de balas, parentes, até
juízes e promotores você consegue que saiam de seus gabinetes para
protegê-los. Mas se isso é seu direito, vamos respeitá-lo.
Enfim, espero que seus direitos de marginal não se ampliem, pois nossa
obrigação também aumentará. Precisamos nos proteger. Ter nossos direitos,
não de lhe matar, mas sim de viver sem medo de ser um policial.
Dois colegas de vocês morreram, assim como dois de nossos policiais
sucumbiram devido ao excesso de proteção aos seus direitos. Rogo para que
o inquérito policial instaurado, o qual certamente será acompanhado por um
membro do Ministério Público e outro da Ordem dos Advogados do Brasil, não
seja encerrado com a conclusão de que houve execução, ou melhor, violação
aos Direitos Humanos, afinal, vocês morreram em pleno exercício de seus
direitos.

Autor:

Wilson Ronaldo Monteiro

Delegado da Polícia Civil do Pará


Difundido por: Abelardo Gomes da Silva Júnior
Assoc. dos Militares Bachareis em Direito
Diretor Presidente